terça-feira, 25 de março de 2008

Será o cão selvagem ou o adestrador ruim?



Estava assistindo Fantástico neste domingo de Páscoa, em particular a reportagem acima onde a senhora usa técnicas de adestramento de animais com o marido. A técnica base é simples, recompensar o sucesso, ignorar ou retratar os erros.

Pensei comigo, isso pode ser levado a níveis mais altos, como por exemplo, no trabalho, nas relações chefe-empregado. É sério!

Como trabalhador de área meio, me deparo constantemente com o dilema do lixeiro: Se meu trabalho vai bem é porque o ambiente está limpo e ninguém me vê. Se meu trabalho vai mal, influencia diretamente no dia-a-dia de todos, sem meias palavras, minha área é constante alvo de críticas e muito raramente de elogios. Elogios são tão raros que guardamos como troféis, gravamos o e-mail e se pudéssemos colocaríamos em uma moldura atrás da mesa.

Meio a este problema e somados ao stress do outro tópico, funcionários de TI são como vira-latas, desculpem o comparativo, mas em geral vamos onde a comida mais nos agrada e estamos pouco interessados em vestir camisa da empresa X ou Y.

Se somos assim, então de certa forma podemos tanto adestrar quando sermos adestrados nas relações de trabalho. Sim, e se nos brota o sentimento de insatisfação eu me faço a pergunta, a culpa é do vira-lata ou do adestrador?

quinta-feira, 20 de março de 2008

Acima de tudo, somos humanos.


Já fazem 12 anos que trabalho com tecnologia. Neste tempo eu consegui me especializar muito na área que atuo e também ser capaz de enumarar alguns problemas com minha pessoa. Dentre estes problemas está meu controle pessoal do meu nível de stress.

Dentro da minha área, assim como muitas outras, sempre existe uma pressão externa capaz de modificar todos os trabalhos executados. Por também ser uma área de infra-estrutura, existe ainda a questão de muitos serviços acontecerem durante fins de semana, fora do expediente normal e incontáveis semanas de 50 ou 60 horas de trabalho. Em meio a todos estes fatores está o stress natural do ser humano.

Stress não é algo relativo em nossa área, não é algo que pode ser simplesmente ignorado ou buscado em entrevistas profissionais que se dão melhor com stress ou não. Stress é algo humano, pode ser causado por fatores que eventualmente nem possuem relação com o serviço em si, mas com a pessoa, e o mais agravante, o problema maior é gostar do stress, é de alguma forma encontrar na psique uma forma de alimentar o stress ao mesmo tempo que se imagina resolvê-lo.

Uma simples observação das pessoas e de si mesmo é capaz de detectar os diferentes níveis de stress de um ser humano ou encontrar pontos chaves capaz de acender uma fúria repentina. Nestas horas ações simplórias podem não resolver, mas ajudam significativamente as pessoas a encontrarem sua paz interior novamente. Palavras simples como um "obrigado", "excelente trabalho", "parabéns". Sem nenhum 'mas', sem nenhum 'porém'. As vezes o silêncio é suficiente, evitar proferir maldições como "temos muito trabalho pela frente", "a bomba vai explodir em breve"...

Empresas adotam várias soluções para isso, ginasticas laborais, serviços de acompanhamento, atividades em grupo, eventos em equipe. Quase todas arriscam um custo em troca do benefício de manter o funcionário em um nível de equilíbrio mental, de se sentir incluso na equipe. Existem aindas soluções simplórias, são mensagens de alerta sobre a saúde, sobre a importância de se tomar água, por exemplo. Sem contar com o cuidado das injustiças pessoais, como verificar pequenos benefícios sobre as próprias horas extras, o cuidado de não sobrecarregar toda a equipe, de não deixar os funcionários sem férias, nem deixá-los cumprindo cargas extras em excesso.

Afinal de contas, atrás de todo bom profissional existe um ser humano, com opiniões e conflitos próprios, inerentes ao seu trabalho, porém podem influenciar assustadoramente no nível de produção da equipe.

quarta-feira, 19 de março de 2008

A Garrafa de Café


Não tenho muito talento em enumerar problemas, sou melhor em apenas coletar informações e esboçar cenários de solução. Mas em um súbito momento de reflexão eu consegui enumerar quase a totalidade dos problemas do meu atual local de trabalho em uma garrafa de café.

A garrafa de café de minha sala é entregue todos os dias pela manhã e renovada no início da tarde. É uma única garrafa de café, talvez dê para 10 xícaras pequenas. Desde o meu primeiro dia de trabalho a garrafa de café segue esta rotina.

A empresa onde trabalho tem sérios problemas de logística, afinal de contas, meu setor, por exemplo, trabalha durante três turnos e o café só é servido em dois deles (manhã e tarde). O turno da noite, talvez quem mais precisasse do café, não é abastecido.

Temos também problemas de comunicação, pois já solicitamos inúmeras vezes que o café viesse no período da noite, e nunca fomos atendidos ou informados o motivo do não atendimento.

Temos também problemas com horários e atendimento. Na porta da copa onde é servido o café existe uma placa com o horário de atendimento, porém muitas vezes a porta está trancada durante o período que está definido na placa.

Temos também problemas com fornecimento de recursos, uma única garrafa de café abastecia uma equipe de 4 pessoas, a mesma equipe hoje com 12 pessoas continuamos sendo abastecidos pela mesma quantidade de café.

Temos problemas de controle, uma vez que o recurso é escasso, muitas vezes eu vou me servir de café 30 minutos depois da garrafa ter sido colocada e a mesma já está vazia e quanto pergunto quem tomou todo o café, ninguém diz.

O engraçado é que os problemas citados acima não acontecem em todos os lugares, poderia enumerar setores que não possuem nenhum dos problemas que eu enumerei, mas como diria a frase proferida sempre em inúmeras análises de risco: "Eventualmente perdemos muito tempo estabelecendo controles para algo impossível de se acontecer".