domingo, 17 de agosto de 2008

Reciclar o óbvio

Neste fim de semana fui a uma festa de aniversário com meus filhos. Lá houve uma apresentação de dois palhaços que gostam de interagir com o público. No meio da apresentação os palhaços gritaram "O que a gente faz com o que a gente não usa e não precisa mais".

Aguardando uma resposta óbvia, meio a cerca de 50 convidados, a vozinha da minha filha grita lá do fundo, quebrando a timidez de todos: "Manda pra reciclagem!"

Houve cerca de um minuto de silêncio.

Gosto de pensar que todos, naqueles sessenta segundos, pensaram a contragosto sobre sua consciência ecológica, mesmo que por um pequeno período de tempo... Afinal de contas, a resposta, por mais que não fosse a esperada pelos palhaços, foi a resposta correta, corretíssima.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Superação e o Sistema

Eu tenho um nome pro universo a minha volta. Antes eu chamava de mundo, mas mundo não contempla as forças ocultas, muitas vezes imperceptíveis. Então chamei de Deus, mas meus amigos ateus reclamavam e desviavam a atenção do que eu queria falar para um assunto necessariamente religioso. Então chamei de Força, mas não fazia sentido pra quem não era fã de Guerra nas Estrelas. Então surgiu o nome de Sistema. Apesar de nerd e meio anos 70, ele exemplifica muito bem e politicamente correto todo o universo em volta da humanidade e a própria humanidade em si.

O Sistema luta contra, mesmo eu tendo acabado de dizer que a humanidade é parte do Sistema. Nós passamos a vida inteira tentando encontrar nosso lugar nele ou lutando contra, de certa forma, tentamos vencê-lo para que assim a força que ele exerce sobre nossas vidas não nos inflencie tanto.

Você pode não ganhar a guerra contra o sistema, mas cada vitória, por menor que seja, é espetacular. É como se ele fosse montado de vários módulos e cada um deles pudesse ser vencido separadamente, tornando as coisas mais simples, a vida mais simples, feliz. Algumas vezes a correta compreensão de parte do sistema é suficiente para vencê-la, é como brigar com um monstro feito de Lego. Apesar disso, nem sempre a luta é fácil, nem sempre existe uma fórmula.

É uma pena, caros solteiros que eventualmente passem por este blog. Eu tenho uma má notícia pra vocês, não é possível vencer o sistema sozinho. A explicação é quase tão algorítmica como a própria palavra sistema, bem como você é parte do sistema, sozinho, suas metas e conquistas serão somente um empate contra ele. Você chegou até onde chegou porque quis, não foi forçado a isso, não foi além do que você mesmo estipulou como além.

E aos casados que se acharam donos da razão com o parágrafo acima, sinto muito, eu já vi vencedores e vencedoras se perderem no caminho sendo sugados pra baixo enquanto seus respectivos tentavam em desespero escorar em seu sucesso.

Sim, vencer o sistema depende de uma luta conjunta, depende de equilíbrio e muita batalha. Depende de desentendimentos transformados em alinhamentos. Depende de abrir mão de certas coisas, em prol do conjunto. E depende principalmente de superação. É preciso compreender que a união, mesmo que favoreça mais uma das partes, tem que ser melhor para o conjunto. Não faz sentido estar com outra pessoa se não for para ser melhor do que estar sozinho (lembre-se que esta frase vale pro outro lado, é vice-versa).

Não faz sentido também tentar se superar sem alguém para lhe guiar quando sua visão se tornar turva, quando suas ações estiverem no automático, quando sua cabeça já não estiver mais na razão. É aquele momento que uma voz ao seu lado lhe põe no rumo, ou uma mão que lhe empurra quando o caminho parece insuperável.

Não se sinta derrotado(a) ou orgulhoso(a) com meu texto, lembre-se que é mais fácil vencer um jogo partindo de um empate, é mais fácil terminar um caminho já trilhado, lembre-se que o sistema luta contra, mas lembre-se principalmente de uma frase despercebida lá em cima do texto, muitas vezes basta encontrar nosso lugar, compreender. Algumas vitórias e derrotas dependem apenas do ponto de vista.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

De mito à mito.

Eu guardo alguns méritos em minha vida dos quais tenho muito orgulho deles. Quase todos envolveram provas e testes, por exemplo, nunca reprovei numa prova de certificação da Microsoft e alguns outros, não não muitos, mas guardo eles comigo.

Eu já havia visto o edital do concurso do Superior Tribunal de Federal, mas quando me perguntaram se eu ia fazer eu respondi enfático: "Ah, já perdi a inscrição, mas não gosto de concurso do Cespe, nunca passei em nada que o Cespe me avaliou". Mas para minha surpresa as inscrições ainda estavam abertas. Então, sem muita fé fiz a inscrição.

Apesar das insistencias dos amigos, sempre estudando para a prova, eu recusei todas as ajudas. Li superficialmente aquele PDF do regimento interno, me resumi ao que sabia.

No dia da prova fui sem muita fé, vou lá porque paguei. Esqueci a maldita caneta Bic (de corpo transparente) preta como mandava no edital. Pedi educadamente para a fiscal da sala e recebi uma resposta "você não trouxe caneta é porque não quer fazer a prova". Quase respondi que não queria mesmo. Os meus companheiros de prova, quase todos com duas canetas igual ao manual do concurseiro diz, nem se prontificaram a me dar uma, apenas fizeram aquela cara de tacho balançando a cabeça negativamente.

Em desespero, a menos de 10 minutos da prova, fui até fora do prédio atrás de um vendedor de canetas. Foi então que me dei conta que eu não tinha nenhum real comigo.

Voltei pra sala olhando nos bolsos dos fiscais, na esperança de encontrar uma caneta. Já no andar da minha sala cheguei sem esperanças, ia somente pegar minhas coisas e ir embora.

Consegui a caneta por pura sorte com a fiscal que ficava na sala ao lado da minha. Ela até fez algum piada do tipo "se não fosse eu".

Entrei na sala com a caneta na mão como se fosse um troféu, minha vontade era enfiá-la no ** da fiscal e dos idiotas que não me emprestaram.

Durante a prova pensei comigo: Já que não estudei vou arriscar algo novo. Vou fazer apenas o que sei, não vou chutar nada.

Com cinquenta minutos de prova comecei a preencher o gabarito, resisti fielmente à tentação de não tentar aquela questão que eu tinha quase certeza. Uma hora e vinte minutos do início da prova eu estava a caminho de casa.

É aqui que o título desse texto faz sentido. Sem querer, naquele dia eu quebrei um mito. Eu passei em um concurso público, sem estudar uma vírgula e sem arriscar em nenhuma questão. E sem querer, me tornei um mito.

Aos recém desempedidos.

Fiquei sabendo que um monte de gente terminou o namoro, noivado, casamento, fim de semana passado, então um texto pra vocês, novos solteiros, divorciados, separados, desquitados. É a tradução de uma música que talvez se encaixe perfeitamente com o que vocês sintam. A música original é de uma mulher, mas mudei a tradução pro masculino.

Primeiro eu tive medo, fiquei petrificado, fiquei pensando que eu não saberia viver sem você ao meu lado. Mas eu perdi tantas noites pensando como você me rebaixou. Então fiquei forte, aprendi a me cuidar.

E agora você está de volta, de outro planeta. Eu entrei e vi você aqui com aquela cara triste. Eu devia ter trocado a fechadura, devia ter feito você deixar sua chave. Se eu soubesse que você voltaria para me incomodar. Agora vá embora, apenas vá porque você não é mais bemvinda e não foi você quem tentou me machucar dizendo adeus? Você pensou que eu iria sofrer, pensou que eu iria cair no chão e morrer. Eu não, eu vou sobreviver. Enquanto eu souber como amar, enquanto eu estiver vivo. Eu tenho toda minha vida pela frente, tenho todo meu amor pra dar, e eu vou sobreviver.

Eu usei toda força que tinha para não me sentir largado, tentando remendar as peças do meu coração partido e gastei muitas noites apenas sentindo pena de mim mesmo. Eu costumava chorar, mas agora eu levanto a cabeça e você vai me ver como uma nova pessoa. Não sou mais aquela que se rebaixava, preso e apaixonado por você. E enquanto você pensava que eu ia aceitá-la de volta, agora eu estou guardando meu amor para alguém que me ama.

Não sabe que música é?
Então escuta: