terça-feira, 2 de setembro de 2008

A Cirurgia

[Esta mensagem era em homenagem a uma pessoa, mas recentes acontecimentos me pedem que eu retire esta homenagem, todavia, o texto fica]

Em julho faz um frio danado nas noites e início da manhã em Brasília. O tempo seco provoca esse clima parecido com deserto. É gostoso em partes, é bom dormir encolhido no frio, acender uma fogueira, etc.

Naquela quarta-feira a noite eu tinha uma terrível missão de raspar minha região genital, com todo cuidado para não me machucar, pois não queria que nada errado acontecesse. Acordei ainda de madrugada, tinha que viajar 40km de carro até o hospital onde seria a cirurgia para estar lá as 7:30 da manhã.

Tive que resolver um rolo danado com um papel que esqueci, o médico quase não fez a cirurgia por causa disso, apesar de eu ter chegado lá primeiro que todos, acabei indo para o final da fila por causa desse papel.

Meus companheiros que iriam fazer a mesma cirurgia saiam falando em tom de piada: "Dói nada não", visivelmente mancos com expressão de dor.

Nervoso, chegou minha vez.

Entrei, o médico me fez algumas perguntas que a adrenalina simplesmente apagou elas da minha cabeça. Já na sala de cirurgia o enfermeiro me falou "tire toda a roupa da cintura pra baixo". Assim, seco, pensei em responder "não vai nem ter um vinhozinho antes?", mas é melhor manter esses profissionais concentrados.

Deitei na mesa, segurei uma mão na outra igual posição de defunto, mais por causa do frio. O enfermeiro então passou algumas coisas lá na região, amarrou outras coisas. A situação era desconcertante.

O médico chegou, virou pra mim e falou: "De agora em diante, sua mão não sai dessa posição que está, não importa o que aconteça". Travei geral.

E quando pensava que não, começaram um animado diálogo entre os dois:
_ Sabe quem veio aqui na ontem?
_ Não.
_ A fulaninha lá. Veio arrumada pra ir pra festa dizendo que estava mal e precisava de atestado.
_ E aí?
_ Não dou. Não dou mesmo. Imagina só, se tivesse doente não tava arrumada pra sair.

Minha vontade era de interrompê-los e dizer algo do tipo: "Não quero interrompê-los, mas essa região que vocês estão mexendo é muito importante pra mim".

O médico olhou pra mim e disse: "Você vai sentir uma pequena pontada da anestesia, mas já passa".

PQP QUE DOR DOS INFERNOS! VTNC! (Acho que pronunciei alguns palavrões em voz alta pois o médico e o enfermeiro olharam pra mim). Era só DOR, DOR, DOR, DOR e derrepente... Paz, alívio... Não sentia mais nada.

E o diálogo continuou.

_ Sabe aquele maluco?
_ Que maluco?
_ Aquele que você tirou a bala.
_ Ah... Meu Deus... Não gosto nem de lembrar, achei que ele ia me matar se eu não pudesse operar aquele dia.
_ Então, ele voltou aqui.,
_ Tomou outro tiro?
_ Nao, tava com uma madeira com prego enfiada no braço.

Nesse momento, enquanto eu imaginava alguém que tinha tomado um tiro e agora estava com uma madeira com prego enfiada no braço, o médico e o enfermeiro trocaram de posição. Mal deu tempo de respirar e o médico falou: "Pontada denovo!"

PQP DOR DOS INFERNOS OUTRA VEZ, FILHO DE UMA P**** DOS **** **** **** * **** * ** ******** **** * * *****... Paz denovo.... Deus abençoe a anestesia local.

Então o médico continuou a cirurgia numa boa. Foi quando reparei que ele era a cara do Chip Foose (foto), designer de carros, achei que ele ia escrever Foose com os pontos.

Depois de finalizada a cirurgia, o enfermeiro pediu para eu levantar, me deu muitas gases. E voltei para a sala do Foose. Então começaram as recomendações finais: Nada de rancar os pontos, nada de mexer nos pontos. Lave com água e sabão apenas. Não use nenhum produto no local, etc, etc, etc. Ele estava muito sério e não quis me dar um autógrafo.

E lá fui eu andando meio manco pra casa. Uma das recomendações era usar uma bolsa de gelo no local para aliviar a dor. Era Julho, faz um frio danado a noite. Sofri bastante com isso. Mas não tanto quanto o momento que a anestesia passou. Foi só DOR DOR DOR PQP ******* * * * * * ** * ** * * * *******!!!!!

E assim foi minha cirurgia de vasectomia.

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